quinta-feira, março 11

A Europa do Leste entre 1910 - 1919

A Revolução Russa de 1917

A Revolução Russa de 1917 foi um acontecimento de grande importância na história do Século XX. E, apesar de o mundo socialista por ela criado haver desmoronado no final do período, aquele evento exerceu uma extraordinária influência na vida de centenas de milhões de seres humanos.
Mas, pra entender melhor esse acontecimento histórico voltaremos um pouco no tempo, até 1905, quando ocorreu A Revolução Russa de 1905, um dos catalisadores das Revolução de 17.

A Revolução Russa de 1905

No início do século XX, a Rússia contava com 176 milhões de habitantes, mais do que a soma das populações de Alemanha, França e Inglaterra. Era um país pobre e atrasado tecnologicamente, se encontrava numa realidade feudal e era conhecido como o "celeiro" da Europa por ter a economia baseada na exportação de cereais ao lado ocidental da Europa. 80% da sua população ativa vivia no campo, em muita regiões nem sequer se conhecia o arado. Os camponeses viviam na miséria, trabalhavam a -25ºC, com roupas de pano e botas de papelão. Do outro lado, no Palácio de Inverno, os bailes com a realeza europeia, os uniformes de gala e as prendas luxuosas que o Czar Nicolau II oferecia à sua família sucediam-se constantemente.

Um enorme movimento grevista em 1902-03 precedeu a revolução de 1905. Mas o principal fator detonante dos eventos de 1905 foi a guerra entre Rússia e Japão em 1904. Os russos foram derrotados pelos japoneses, numa guerra motivada pela disputa da região da Manchúria. As tropas russas foram humilhantemente derrotadas. Os custos da guerra recaíam nos ombros dos trabalhadores e camponeses, que por isso aumentavam a sua oposição à guerra. 
A partir de finais de 1904, Gapon começa a elaborar, com proletários que defendiam a abolição da autocracia czarista, um documento que suplica ao Czar alguns direitos sociais. Os camponeses, liderados pelo padre Gapon, acreditando que o czar não tinha a consciência de que o povo passava fome e miséria, reuniram-se, e mais de 200 mil pessoas dirigiram-se até ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo. Durante a caminhada eram cantadas músicas religiosas, e também a canção nacional "Deus Salve o Czar", muitos manifestantes carregavam ícones religiosos e retratos do Czar, a quem até então as massas não identificavam como um inimigo. 

O Czar vê o povo reunido e ordena aos cossacos - tropas de soldados imperiais - o extermínio das massas. A neve que os camponeses pisavam ficou vermelha, os disparos só pararam quando uma multidão de corpos colapsou a avenida, dezenas de camiões intervieram na retirada dos cadáveres. A selvagem reação do governo czarista matou (oficialmente) 92 pessoas e feriu centenas, tal fato ficou conhecido historicamente como "Domingo Sangrento"

A selvagem reação do governo czarista no "Domingo Sangrento", em vez de provocar um refluxo no movimento operário, fez explodir a energia revolucionária das massas, surpreendendo as suas próprias direções e aterrorizando a autocracia. Em 10 de Janeiro, levantaram-se barricadas em São Petersburgo. Rapidamente, a greve se estendeu por todo o país, mobilizando 400.000 trabalhadores ainda durante o mês de Janeiro. A onda revolucionária atingiu a Polônia, os Estados bálticos, Geórgia, Armênia e a Rússia Central. Nos meses que se seguiram ao "Domingo Sangrento", um milhão de operários entraram em greve em todo o império russo. "As massas proletárias" - afirmava Trotsky - "estavam agitadas no verdadeiro coração da sua existência. Por quase dois meses, sem nenhum plano, em muitos casos sem levantar nenhuma reivindicação, parando e recomeçando, obedeciam só ao instinto de solidariedade, a greve dominou o país" (León Trotsky, A Revolução de 1905).  

Assustado com o crescimento do movimento grevista, o czar Nicolau II publicou um manifesto em 18 de Fevereiro, em que fazia promessas de uma Constituição e de reformas. As pressões sobre o governo imperial czarista levou-o a promulgar o "Manifesto de Outubro" em 1905, no qual fazia promessa liberais, tentando acalmar a oposição ao seu governo. O espírito revolucionário do proletariado das cidades atingiu o campo, provocando revoltas camponesas com ocupações de terras. A agitação camponesa repercutiu-se no exército, provocando insurreições e motins. A principal delas foi a Revolta do Couraçado Potemkin, uma grande unidade da marinha russa que navegava no Mar Negro.

A Revolta fracassou, mas os protestos e a união conjunta das massas camponesas, operarias, militares e a presença de alguns intelectuais constituiu um passo significativo no desenvolvimento da luta pelo fim do Czarismo na Rússia.


Adaptação do Texto de Adriana Lopera "A Rússia Czarista e o ensaio geral de 1905"

Iuri Assunção

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