terça-feira, março 30

Década de 30 e o anti-semitismo

Na década de 1930 o antissemitismo cresceu em toda a Europa porque a comoção após a Primeira Guerra Mundial e a crise econômica global haviam abalado as pessoas. No Leste Europeu, a tendência a considerar os judeus como bodes expiatórios e tentar excluí-los do mercado de trabalho era especialmente forte. Na Hungria, os judeus foram banidos de cargos públicos no final dos anos 1930, e proibidos de trabalhar em muitas profissões. A Romênia adotou voluntariamente as Leis de Nuremberg, racistas e antissemitas, da Alemanha nazista. Na Polônia, muitas universidades restringiram o acesso de estudantes judeus.
A extensão do ódio aos judeus também se reflete no fato de que após o fim da guerra, em 1945, turbas na Polônia mataram pelo menos 600, e talvez milhares, de sobreviventes do Holocausto. O excesso de nacionalismo parece ter sido o fator mais importante, pelo menos no Leste Europeu. Lá, muitos sonhavam com uma nação-estado livre de minorias. Nesse sentido, os judeus eram simplesmente um dos vários grupos de que as pessoas queriam se livrar. Com o avanço da Segunda Guerra, os croatas não apenas mataram judeus, mas também um número muito maior de sérvios. Os poloneses e lituanos se matavam entre si. A Romênia liquidou ciganos e ucranianos.
É difícil determinar o que motivou as pessoas a matar. Muitas vezes o nacionalismo ou o antissemitismo eram simples desculpas. Durante a guerra, ninguém passava fome na Alemanha, mas as condições de vida no Leste Europeu eram miseráveis. Para os alemães, 300 judeus significavam 300 inimigos da humanidade. Para os lituanos significavam 300 pares de calças e 300 pares de botas. Era cobiça em nível pessoal. Mas também aparecia em nível coletivo. Na França, 96% das empresas "arianizadas" permaneceram nas mãos de franceses. O governo húngaro usou os bens expropriados dos judeus para ampliar seu sistema de aposentadorias e reduzir a inflação.

Fonte: trecho do texto "Os europeus que ajudaram Hitler no Holocausto" por Rodrigo em 2009-05-26 15:35 Holocausto e Anti-Semitismo, retirado do site:  http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/node/2166.

quinta-feira, março 11

Imigração no Leste Europeu

Em apenas duas décadas entre 1891 e 1910, cerca de 12,5 milhões de pessoas imigraram para os Estados Unidos. A maioria destes imigrantes vieram de países e estados que compunham a Europa Oriental, entre eles a Áustria-Hungria, Polónia e Rússia. Todavia, as fronteiras das nações durante o século XIX na Europa Oriental mudavam tão freqüentemente que a imigração proveniente do Leste Europeu e da Europa Central não pode ser rigorosamente dividido em termos de nacionalidade. 
Como a Rússia e a Áustria-Hungria expandiram seus impérios,  ao longo de muitos países mais pequenos, países como a Polónia, que já existia há séculos, foram anexados e desapareceram como nações soberanas. Muitos grupos étnicos, além dos poloneses se encontraram sem Estado: os lituanos, os checos e eslovacos, os croatas e os eslovenos foram deslocadas (involuntariamente removido de seu lar) em um momento ou outro. 
No século XX, a Revolução Russa (1917-21), a I Guerra Mundial (1914-18), e a Segunda Guerra Mundial (1939-45) alteraram as fronteiras nacionais drasticamente novamente, deslocando milhões de europeus orientais. Como outros imigrantes, os imigrantes do Leste Europeu chegaram aos Estados Unidos para escapar da opressão, violência e instabilidade política, mas também para tentar melhorar sua situação econômica.

A Europa do Leste entre 1910 - 1919

A Revolução Russa de 1917

A Revolução Russa de 1917 foi um acontecimento de grande importância na história do Século XX. E, apesar de o mundo socialista por ela criado haver desmoronado no final do período, aquele evento exerceu uma extraordinária influência na vida de centenas de milhões de seres humanos.
Mas, pra entender melhor esse acontecimento histórico voltaremos um pouco no tempo, até 1905, quando ocorreu A Revolução Russa de 1905, um dos catalisadores das Revolução de 17.

A Revolução Russa de 1905

No início do século XX, a Rússia contava com 176 milhões de habitantes, mais do que a soma das populações de Alemanha, França e Inglaterra. Era um país pobre e atrasado tecnologicamente, se encontrava numa realidade feudal e era conhecido como o "celeiro" da Europa por ter a economia baseada na exportação de cereais ao lado ocidental da Europa. 80% da sua população ativa vivia no campo, em muita regiões nem sequer se conhecia o arado. Os camponeses viviam na miséria, trabalhavam a -25ºC, com roupas de pano e botas de papelão. Do outro lado, no Palácio de Inverno, os bailes com a realeza europeia, os uniformes de gala e as prendas luxuosas que o Czar Nicolau II oferecia à sua família sucediam-se constantemente.

Um enorme movimento grevista em 1902-03 precedeu a revolução de 1905. Mas o principal fator detonante dos eventos de 1905 foi a guerra entre Rússia e Japão em 1904. Os russos foram derrotados pelos japoneses, numa guerra motivada pela disputa da região da Manchúria. As tropas russas foram humilhantemente derrotadas. Os custos da guerra recaíam nos ombros dos trabalhadores e camponeses, que por isso aumentavam a sua oposição à guerra. 
A partir de finais de 1904, Gapon começa a elaborar, com proletários que defendiam a abolição da autocracia czarista, um documento que suplica ao Czar alguns direitos sociais. Os camponeses, liderados pelo padre Gapon, acreditando que o czar não tinha a consciência de que o povo passava fome e miséria, reuniram-se, e mais de 200 mil pessoas dirigiram-se até ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo. Durante a caminhada eram cantadas músicas religiosas, e também a canção nacional "Deus Salve o Czar", muitos manifestantes carregavam ícones religiosos e retratos do Czar, a quem até então as massas não identificavam como um inimigo. 

O Czar vê o povo reunido e ordena aos cossacos - tropas de soldados imperiais - o extermínio das massas. A neve que os camponeses pisavam ficou vermelha, os disparos só pararam quando uma multidão de corpos colapsou a avenida, dezenas de camiões intervieram na retirada dos cadáveres. A selvagem reação do governo czarista matou (oficialmente) 92 pessoas e feriu centenas, tal fato ficou conhecido historicamente como "Domingo Sangrento"

A selvagem reação do governo czarista no "Domingo Sangrento", em vez de provocar um refluxo no movimento operário, fez explodir a energia revolucionária das massas, surpreendendo as suas próprias direções e aterrorizando a autocracia. Em 10 de Janeiro, levantaram-se barricadas em São Petersburgo. Rapidamente, a greve se estendeu por todo o país, mobilizando 400.000 trabalhadores ainda durante o mês de Janeiro. A onda revolucionária atingiu a Polônia, os Estados bálticos, Geórgia, Armênia e a Rússia Central. Nos meses que se seguiram ao "Domingo Sangrento", um milhão de operários entraram em greve em todo o império russo. "As massas proletárias" - afirmava Trotsky - "estavam agitadas no verdadeiro coração da sua existência. Por quase dois meses, sem nenhum plano, em muitos casos sem levantar nenhuma reivindicação, parando e recomeçando, obedeciam só ao instinto de solidariedade, a greve dominou o país" (León Trotsky, A Revolução de 1905).  

Assustado com o crescimento do movimento grevista, o czar Nicolau II publicou um manifesto em 18 de Fevereiro, em que fazia promessas de uma Constituição e de reformas. As pressões sobre o governo imperial czarista levou-o a promulgar o "Manifesto de Outubro" em 1905, no qual fazia promessa liberais, tentando acalmar a oposição ao seu governo. O espírito revolucionário do proletariado das cidades atingiu o campo, provocando revoltas camponesas com ocupações de terras. A agitação camponesa repercutiu-se no exército, provocando insurreições e motins. A principal delas foi a Revolta do Couraçado Potemkin, uma grande unidade da marinha russa que navegava no Mar Negro.

A Revolta fracassou, mas os protestos e a união conjunta das massas camponesas, operarias, militares e a presença de alguns intelectuais constituiu um passo significativo no desenvolvimento da luta pelo fim do Czarismo na Rússia.


Adaptação do Texto de Adriana Lopera "A Rússia Czarista e o ensaio geral de 1905"

Iuri Assunção

A Europa do Leste entre 1910 - 1919

A Guerra dos Bálcãs (1919-1913)

A Guerra dos Bálcãs foi um conflito entre os anos de 1912 e 1913, que ocorreu na região da península balcânica. De fato, foi a disputa entre Sérvia, Montenegro, Grécia, Romênia, Turquia e Bulgária pela posse dos territórios remanescentes do Império Otomano.

De uma lado, a Liga Balcânica formada por Grécia, Sérvia, Bulgária e Montenegro, reivindicava melhor tratamento aos cristãos na Macedônia turca, porém seu objetivo claro era a conquista territorial. De outro lado estava a enfraquecida Turquia, que já se encontrava em guerra com a Itália.

Em outubro de 1912 os exércitos da Liga capturaram toda a região do antigo Império Otomano, com exceção de Constantinopla, posteriormente foi assinado o Tratado de Londres, no qual o mapa dos Bálcãs foi redesenhado.

Posteriormente a própria Liga Balcânica lutou contra si mesma. A Bulgária fez um ataque preventivo contra os sérvios e gregos, que desejavam as conquistas búlgaras, porém os búlgaros foram infelizes com essa posição. A Romênia, até então neutra na situação, ocupou o território búlgaro de Dobrudja e os otomanos aproveitaram a ocasião para reconquistar Andrinopla.

A guerra findou-se por um instante no Tratado de Bucareste (agosto de 1913), no qual Grécia e Sérvia dividiram a Macedônia, e a Romênia ganhou uma parte do território da Bulgária. A Guerra dos Bálcãs foi muito importante naquele contexto pois foi um elemento-chave para o desencadeamento da Primeira Guerra Mundial.


A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) 

Após o fim da Guerra dos Bálcãs, os povos eslavos da Bósnia-Herzegóvina - apoiados pela Sérvia - tentaram dar fim à dominação austro-húngara na região. Para tentar contornar o conflito, o Império Austro-húngaro decidiu elevar a Bósnia-Herzegóvina à condição de parte integrante de seu Estado. Foi quando o arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe do Império Austro-Húngaro, foi até Sarajevo, capital da Bósnia, para anunciar a elevação política destes territórios. Porém, Francisco Ferdinando e sua esposa Sophie acabaram vítimas de um assassinato tramado pela facção nacionalista sérvia Mão Negra em 26 de Junho de 1914.

Em resposta, o Império Austro-Húngaro exigiu que o governo sérvio punisse duramente os autores do crime e reprimisse todas as facções radicais do país. Sem obter respostas satisfatórias o Império Austro-Húngaro decidiu, com o apoio da Alemanha, declarar guerra à Sérvia. A Rússia, contrária à ocupação austríaca, concedeu apoio aos sérvios. Logo em seguida, a Alemanha declarou guerra contra a Rússia e, posteriormente, contra a França.

Itália e Inglaterra não mostraram clara definição política frente aos conflitos. Porém, a força dos acordos diplomáticos firmados e os interesses econômicos obrigaram ambos os países a se envolverem na guerra iniciada. A generalização do conflito contou com a posterior adoção de outras nações, entre elas o Brasil. De forma geral, o conflito dividiu as potências europeias em dois blocos: Tríplice Entente, formada por França, Inglaterra e Rússia; e Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro.  

Marcada como o primeiro grande conflito internacional da Era Contemporânea, a Primeira Grande Guerra foi responsável por uma grande reviravolta na ordem mundial. Os conflitos iniciados em 1914 foram, ao longo do tempo, tomando um contorno diferente do programado pelas nações envolvidas. A Grande Guerra, envolvendo as grandes potências da Europa, não contava com uma projeção de longo prazo. Nenhuma das nações esperava ou tinha condições para sustentar um conflito que se estendesse anos a fio. No entanto, a Primeira Guerra Mundial se desenvolveu ao longo de quatro anos e três meses, o que acabou exigindo maiores esforços e diferentes estratégias militares.


Bibliografia:
http://www.infoplease.com/ce6/history/A0805909.html
http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xx/primeira-guerra-mundial.htm
http://www.mundovestibular.com.br/articles/4351/1/a-primeira-guerra-mundial-1914---1918-Resumo/Paacutegina1.html
http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xx/guerra-dos-balcas.htm

quinta-feira, março 4

Introdução - Como estudar o Leste Europeu?

    O Leste Europeu foi uma das regiões do mundo onde a ideologia socialista mais se desenvolveu, pelo grande número de países que absorveram os princípios socialistas. A determinação dos países que compõem (compuseram) esta região do mundo varia a partir das diferentes interpretações que existem sobre esta área, ou seja, não há uma configuração exata e homogênea sobre os países que pertenciam a esta região. Tal discrepância existe porque a classificação da Europa do Leste foi determinada, na maioria das vezes, por fatores ideológicos - que seria a entrada de grande parte dos países [que compunham a região] ao Bloco Socialista, quando o mundo vivia sob uma configuração bipolar (Guerra Fria).
    Dessa forma, o Leste Europeu é um termo que possui uma conotação muito mais politico-ideológica do que puramente geográfico (como ocorre com a maioria das demais regiões do mundo, que são classificadas pela posição geográfica e não pelas posições políticas tomas pelos paises que as compõem.)
    A partir disso, é necessário advertir que o estudo dos conjuntos dos países do Leste Europeu deve levar em consideração ambas conotações que utilizam para classificar essa região do globo: tanto a configuração/conotação histórica e política, como também configuração/conotação a geográfica. Conclui-se, assim que o estudo sobre a região do Leste Europeu abrange uma série de possibilidades e será caracterizado por uma grande pluralidade de informações.
    Espero a participação de todos em nossa retrospectiva aos acontecimentos que marcaram essa região tão interessante e pouco estudada no "breve século XX"!


Países que integram o Leste Europeu:


Albânia, Áustria, Belarus, Bósnia Herzegóvina, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Estônia, Grécia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia,  Moldávia, Montenegro, Polônia, República Checa, Romênia, Sérvia, Ucrânia.




Mariana Davi